
Joana Carolina Paro
Minha sombra apoderou-se do meu “ser” e já não o reconheço...
Todos os monstros escondidos e, anos e anos alimentados pelo medo, explodiram em furor!
Dentes e garras afiadas a me rasgar por dentro,
olhos e bocas a debochar da minha dor.
Ahhhhhhhhhhhhhhhh!!!
Grito!!! Urro!!! Blasfemo!!!
Sinto raiva. Me torno raiva!
Tenho ódio. Sou ódio e me odeio por ser assim!
Me torno os monstros que alimentei na rejeição da sombra,
sou tudo que não quero ser!
E quanto mais rejeito esse “ser” que não sou, mais monstruoso se torna.
Cresce, dissimula, retorna... com força. Com dor...
Como posso acalmar esse monstro?
Me repulsa, repele, me enoja!
Como posso tocar sua pele? Acarinhar sua face, dar colo, aceitar???
Se esse monstro, que me subjuga, destrói na minha alma a possibilidade de amar?
É o filho bastardo, renegado, abortado...
Gerado no ventre, gestado na dor!!!
Escondido na sombra, no porão, no escuro.
O “feio”, o “mau”, o “pecado” a “vergonha”...
Aquele que vive prá denunciar, que num canto da alma, onde a luz não penetra, onde tudo é só treva, existe um amor...
Que de tão magoado, ferido, escrachado.
De tão rejeitado, tão sofredor...
Tem medo de tudo: da morte, da vida, da luz, do explendor!
Da ilusão da esperança de um dia ser fruto de doce sabor...
De um dia, ser flor...
Penápolis, março de 2002.
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